Sunday, January 11, 2004

Desconhecido
Não entendo como se pode sentir empatia por um desconhecido. Alguém que, apesar de veres constantemente, quase todos os dias, na faculdade ou no autocarro, não conheces. E se um dia não o encontras, parece que falta algo no teu dia.
Algumas noites até podes esbarrar com ele em teus sonhos, ou encontrá-lo naqueles minutos em que a tua imaginação viaja por outros mundos, que não o real.
No trânsito, parada no meio de tanta gente alheada, stressada, desesperada, ouves uma música, olhas no vago, e quando dás por ti já estás embrenhada no olhar daquele que por algum motivo te chamou a atenção. Ou pelo brilho, ou por uma atitude, por uma imagem, um desenho, ou algo que transcende qualquer explicação racional. Não estou a falar de desejo ou atracção. É uma vontade de conhecer, mas ao mesmo tempo o medo de quebrar algo mágico. É um confronto de sentimentos. Mas ao mesmo tempo é uma paz interior, trazida pelo brilho de um olhar, ou um toque de passagem.
Fica sobretudo a esperança de não deixar fugir o contacto com esse desconhecido, que te transmite alguma energia positiva. Não tens o dever de lhe dar nada, mas tens vontade de lhe dar muito, sem esperar nada em troca...nada mais para além de um olhar e um sorriso...

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